segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A Lenda de Sumé


Representação artística de Sumé. Créditos: O Submundo.

Quando o jesuíta Manoel da Nóbrega esteve em Santos, em 1549, o foi relatado uma lenda indígena a respeito de Sumé. Descrito como um homem alto, branco, com longos cabelos e barbas grisalhos e que flutuava no ar, teria vindo dos céus, enviado por Tupã, onde chegou à então Enguaguassu para beber a água de uma fonte, localizada nas proximidades da esquina da Av. Bernadino de Campos com a Rua Floriano Peixoto.

Ele trazia um grande saco às costas. Chamou a gente da região e, jogando pelo chão um punhado de sementes que enchiam aquele saco, mostrou a todos que do chão brotavam plantas que logo produziam alimento e riqueza, fartura para a tribo, deixando-lhes alguns punhados delas para que as plantassem. Começou a ser visto com desconfiança pelos caciques locais, que o tentaram matar com flechadas em certa manhã; tentativa esta falha, visto que as flechas misteriosamente retornaram e mataram seus atiradores. Era também uma das habilidades do estrangeiro: tirar flechas de seu corpo sem sangrar. Teve dois filhos, chamados de Tamandaré e Ariconte, que se odiavam mortalmente.

Sumé então teria andado de costas até o mar, desaparecendo em seguida num voo sobre a Baía de Santos para nunca mais voltar. Não sem antes ter deixado na bica onde aparecera uma série de desenhos, com destaque para uma enorme pegada, fora dos tamanhos normais para um ser humano. Relatos posteriores dos jesuítas dão conta que o motivo da expulsão dele fora ter proibido a poligamia e o canibalismo, motivando a ira dos caciques.

A História por Trás da Lenda

Pesquisas mais recentes conseguiram traçar a história do misterioso homem que, após sua saída da Baixada Santista, teria chegado a Assunción, no Paraguay, e aos Incas, no Peru, tendo aberto o famoso Caminho do Peabiru (que ligava Santos ao Oceano Pacífico e foi utilizado pelos índios para trocas comerciais e depois em algumas bandeiras). Os incas da região do Peabiru cultivam lendas a respeito de Viracocha, que em suas aparições seria muito semelhante à Sumé, levando a crer que seriam então a mesma criatura.

Colonizadores portugueses levantaram a hipótese de Sumé ser o apóstolo São Tomé, que segundo a tradição católica, após presenciar a assunção de Maria, teria ido à Índia pregar o catolicismo. Sua passagem é descrita num texto do ano 200 denomidado "Atos de Tomé". Na Índia, teria participado da fundação de 8 igrejas na região de Paravoor Thaluk, no ano 52. Os portugueses acreditam que, após sua passagem na Ásia, rumou para a América, onde ensinou as benfeitorias aos índios paulistas e da região do Peabiru.

Com o advento do abastecimento de água moderno em Santos, a fonte foi caindo em desuso, até cair no abandono e ter sido infelizmente demolida em fins do século XIX para aproveitamento de suas pedras em lajes e calçadas na cidade. Apesar disto, não conseguimos encontrar outros registros ou maiores informações sobre a mesma, bem como qualquer resquício hoje no local. O mito ao redor das figuras de Sumé, Viracocha e São Tomé persiste repleto de mistérios e histórias na região por onde teria passado, representando um interessante relato da Mitologia Paulista. 

Por Thales Veiga.

2 comentários:

  1. Segundo os jesuítas do século XVII, ha pegadas de São Tomé nas lajes de Santos que podem ser vistas com a maré baixa.

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  2. Era um dimensional nordico que saiu de um osni

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